Com a terra, de quando em vez
me apetece conversar
até há insensatez
nas estórias que vou contar
Mas lê com muita atenção
de certeza gostarás
algumas terão lição
doutras apenas dirás:
- Estórias para entreter
por vezes bem divertidas
pra dar a conhecer
da terra algumas vidas!
1
AS LEIS DO FORMIGUEIRO
Conheces tu as formigas?
aqueles insectos rasteiros
sempre em suas fadigas
a correr prós formigueiros?
Pequeninas e pretinhas
nem sempre são elas calmas
vão esfregando as patinhas
parece que batem palmas
Que venha daí quem negue
esta estória de pasmar
tal e qual como se segue
a terra a irá contar:
- Andavam as formiguinhas
apressadas, em carreiro
carregando migalhinhas
lá para o seu formigueiro
Sua cintura delgada
antenas em movimento
elas vão subindo a escada
com todo o atrevimento
Um vulto se lhes depara
já no último degrau
o grupo estaca, pára:
- Será isto algum lacrau?
- Era do sapato a sola
do Tó que estava a brincar
correndo atrás da bola
prontinho para as pisar
Gritam alto amedrontadas
mas o Tó que nem as topa
começa a descer as escadas
salta, corre, até galopa
Para tentar esquivar-se
desta morte quase certa
vão depressa esgueirar-se
por uma nesguinha aberta
Perderam suas migalhas
e voltam atrás por isso
escondem-se numas palhas
o Tó, já levou sumiço
Espreitam agora caladas
os soldados a passar
são as formigas fardadas
haverá que se apressar
As antenas bem atentas
sentem a mestra lá longe
- Que se passa? estão tão lentas!
Será q’inda voltam hoje?
Pelas obreiras chamava
seu grupo obediente
cada uma sendo escrava
à rainha era temente
De todas, a mais pequena
comenta admirada:
- Vocês não têm pena?
desta vida desgraçada?
- Somos, escravas-obreiras
nascemos para bulir
nem pensamos nas maneiras
de ao destino fugir
Esta é a nossa missão
na colónia a ajudar
para que a procriação
possa assim continuar
Um par de asas só nasce
à futura mãe rainha
pois é ela quem merece
voar baixo, pela tardinha
A rainha tem o dever
d’a colónia povoar
tudo vai ter de fazer
para logo engravidar
Também ela é sofredora
para ter uma prole sadia
sai com asas por aí fora
que só lhe duram um dia
Nós e os soldadinhos
trabalhamos com prazer
pra cuidar nossos ninhos
que queremos proteger
Um formigueiro é assim
quando bem organizado
cada uma tem seu fim
cada grupo tem seu fado
Maria Melo
domingo, 17 de maio de 2009
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